Trabalho Tom Sawyer
Capítulo 1 – O Menino e a Tia Polly
Tom
Sawyer era um menino levado. Tia Polly, que cuidava dele, já nem sabia mais o
que fazer. Toda vez que ela mandava Tom fazer algo, ele dava um jeito de
escapar.
—
Tom! Cadê você, menino? — gritava ela.
Mas
Tom já tinha pulado a janela e saído correndo pela rua, rindo sozinho. Com os
bolsos cheios de sapos e uma maçã roubada da cozinha, ele ia viver mais uma de
suas aventuras.
Tom
não gostava de escola, nem de sapato, nem de banho. Gostava mesmo era de
brincar no rio, caçar besouros e inventar histórias com os amigos.
Naquele
dia, ele encontrou um menino novo na cidade. O menino estava bem arrumado, de
sapatos limpos e chapéu novo. Tom não gostava de gente metida.
—
Nunca te vi por aqui — disse Tom.
—
E eu não gosto que falem comigo desse jeito — respondeu o menino.
Os dois começaram a discutir. Depois,
começaram a brigar. Rolaram na lama, puxaram o chapéu um do outro, e Tom saiu
vitorioso. Mas quando chegou em casa…
—
TOM SAWYER! — gritou Tia Polly.
Ela
estava de braços cruzados, com cara de quem ia dar castigo. Tom estava coberto
de lama, com o chapéu rasgado e a cara suja.
—
Você vai passar o sábado TODO pintando a cerca, ouviu bem?
Tom
suspirou. Já estava pensando em como sair dessa também...
Capítulo 2 – A Cerca e a Esperteza
No
sábado de manhã, Tom Sawyer acordou com um suspiro. O sol brilhava lá fora, os
meninos estavam correndo para o rio, e ele… estava de castigo.
Lá
estava a cerca: branca, comprida e muito chata de pintar. Tom olhou o balde de
tinta, olhou o pincel e pensou:
—
Isso vai levar o dia todo! E eu ainda vou perder todas as brincadeiras…
Mas
Tom era esperto. Não ia ficar triste à toa. Ele pensou, pensou… e teve uma
ideia genial. Pegou o pincel, ajeitou o chapéu, assobiou e começou a pintar a cerca
como se fosse a coisa mais divertida do mundo. Logo apareceu Ben, um dos
meninos da rua, comendo uma maçã.
—
Que foi, Tom? De castigo, né?
Tom
parou, fingiu surpresa e respondeu:
—
Castigo? Que nada! Isso aqui é arte. Não é qualquer um que sabe pintar uma
cerca assim, não…
Ben
olhou curioso.
—
Sério?
—
Claro! Isso aqui exige cuidado, talento… e você não pode errar. Tia Polly só
confia em mim.
Ben
engoliu a maçã devagar, pensando.
—
Ei, Tom… deixa eu tentar um pouco?
Tom
fez cara de dúvida.
—
Ah, não sei… é muita responsabilidade…
—
Eu te dou minha maçã!
Tom
pensou por dois segundos (ou fingiu pensar) e disse:
—
Tá bem. Mas só um pouquinho.
Ben
pegou o pincel todo feliz e começou a pintar. Tom ficou encostado na sombra,
comendo a maçã. E sabe o que aconteceu depois? Vieram mais meninos. Todos
queriam pintar. Todos ofereceram algo em troca.
Em pouco tempo, Tom tinha um balde cheio de
brinquedos, uma rã viva, dois botões de prata e um pedaço de corda. E a cerca…
estava pintada inteira!
No
fim do dia, Tom voltou para casa com cara de cansado, como se tivesse
trabalhado o dia inteiro. Mas por dentro… ele estava rindo.
Capítulo 3 – A Nova Aluna
Na
segunda-feira, Tom Sawyer foi para a escola mais arrumado que o normal. Lavou o
rosto, penteou o cabelo com os dedos e colocou uma flor no casaco. Tudo por
causa da menina nova.
Ele
a viu no sábado pela janela da casa ao lado: vestido claro, cabelos loiros e
olhos curiosos. Parecia um anjo num domingo de sol.
Naquele
dia, Tom só queria chamar atenção. Se equilibrou na cerca, fingiu ser pirata,
tentou uma cambalhota e caiu. Ela riu. Era o que ele queria.
No
recreio, se aproximou com um sorriso:
—
Oi. Eu sou o Tom.
—
Becky. Becky Thatcher.
Tom
ficou encantado. Tirou do bolso um caramujo.
—
Quer?
—
Obrigada... — ela respondeu.
Conversaram
um pouco. Tom exagerou nas histórias. Becky riu.
—
Você inventa, né?
—
Só às vezes… — respondeu, corado.
De
volta à sala, Tom sentou no castigo — sorrindo. Achava que tinha conquistado
Becky. Ou quase.
Capítulo 4 – A Noite no Cemitério
Tom
Sawyer não conseguia dormir. Pensava em Becky, no castigo... e num plano
maluco: fazer um feitiço para tirar verruga. Só que não sozinho.
Na
calada da noite, pulou a janela e foi encontrar Huck Finn, seu fiel parceiro de
aventuras.
—
Trouxe o gato morto? — perguntou Huck.
—
E o barbante também — respondeu Tom.
Foram
ao cemitério. Segundo a lenda, se enterrasse um gato morto à meia-noite, a
verruga sumia. Tudo isso enquanto enterravam um criminoso. Só isso.
O
lugar era escuro, sinistro. A lua iluminava lápides tortas. O vento assobiava.
Os dois se encolheram atrás de uma sepultura.
—
Ouviu isso? — sussurrou Huck.
Três
figuras surgiram: Dr. Robinson, Muff Potter e o temido Injun Joe. Começaram a
cavar. Depois discutiram. A briga foi ficando feia. De repente, Injun Joe sacou
uma faca e matou o doutor.
Tom
e Huck ficaram em choque.
—
Corre! — disse Tom.
Fugiram
apavorados, com o coração disparado. Antes de sumirem, ouviram Injun Joe culpar
Muff Potter pelo crime.
Assustados,
juraram guardar segredo. Se falassem, sabiam que estariam em perigo. Aquela
noite marcaria os dois para sempre.
Capítulo 5 – Silêncio e
Medo
Desde
aquela noite no cemitério, Tom Sawyer não era mais o mesmo. A imagem do Dr.
Robinson caindo no chão, o brilho da faca de Injun Joe e o rosto assustado de
Muff Potter não saíam da sua cabeça. Na escola, Tom já não fazia tantas
travessuras. Parou de contar mentiras, parou de rir alto. Ficava olhando pela
janela, como se esperasse que Injun Joe aparecesse a qualquer momento.
Huck
Finn também andava calado. Os dois evitavam até falar sobre o que tinham visto.
Tinham jurado segredo, mas o medo crescia a cada dia. Enquanto isso, na cidade,
todos comentavam sobre o crime.
—
Foi o Muff Potter, com certeza! — diziam uns.
—
Estava bêbado e encrenqueiro! — diziam outros.
Muff
havia sido preso e chorava na cadeia. Dizia que não lembrava de nada, que
talvez tivesse feito aquilo mesmo... porque estava bêbado. E ninguém duvidava.
Só Tom e Huck sabiam a verdade.
Certa
manhã, Tom levou comida escondido até a prisão. Viu Muff sentado num canto,
sujo, com cara de tristeza profunda.
—
Obrigado, menino. Você é bom — disse Muff, sorrindo com os olhos molhados.
Tom
saiu correndo, com o coração apertado. Como podia deixar um inocente pagar por
um crime que não cometeu? Mas ele também lembrava do olhar de Injun Joe. Aquele
olhar frio e perigoso. Se Tom contasse, seria o próximo da lista.
Naquela
noite, Tom teve um pesadelo. Injun Joe estava em sua janela, com uma faca na
mão. Ele acordou gritando, suando frio. Tia Polly correu até o quarto.
—
Que foi, meu filho?
—
Nada, tia… só um sonho.
Mas
não era só um sonho. Era o peso de um segredo que estava ficando insuportável. E
o julgamento de Muff Potter estava chegando.
Capítulo 6 – A Fuga para a Ilha
Tom não aguentava mais. A escola era
um tédio. A tia Polly só vivia preocupada. E o segredo sobre o crime deixava
tudo mais pesado. Ele precisava fugir. Não da cidade. Da vida chata.
— Vamos virar piratas! — ele disse
para Huck Finn e Joe Harper.
Huck aceitou na hora. Joe demorou um
pouco, mas topou. E assim, numa noite quente, os três garotos desapareceram da
cidade.
Levaram pão, um pedaço de carne,
anzóis, uma frigideira velha… e muita coragem. Roubaram uma jangada velha no
rio Mississippi e remaram até uma ilha deserta, do outro lado da margem.
Era só mato, árvores e silêncio.
Para eles, o paraíso perfeito para virar pirata.
Montaram uma fogueira, assaram
peixe, contaram histórias de terror e deram risada como se não houvesse amanhã.
Tom se sentia livre, selvagem, finalmente ele mesmo.
— Aqui ninguém manda na gente! —
gritou Joe.
— Somos homens do mar! — disse Huck,
pulando no rio.
Durante o dia, pescavam e nadavam. À
noite, dormiam ao relento, ouvindo o barulho dos grilos e do rio. Nenhum deles
queria voltar. Mas o mundo lá fora continuava.
A cidade pensava que os três estavam
mortos. Barcos procuravam por eles no rio. As mães choravam. A escola ficou em
silêncio. E a tia Polly mal conseguia dormir.
Tom, curioso, decidiu voltar
escondido uma noite para espiar. Entrou pela janela de casa e viu a tia
dormindo com um lenço na mão. Tinha chorado tanto que até dormia soluçando.
Aquilo apertou o coração de Tom. Mas
ele teve uma ideia. Uma ideia genial. Ia voltar… no meio do próprio funeral!
Capítulo 7 – O Funeral
dos Piratas
O plano de Tom era ousado: voltar
para casa no dia do próprio enterro. Ele contou a ideia para Huck e Joe, que
acharam maluco, e incrível.
— Vamos aparecer como fantasmas! —
disse Joe, rindo.
— Não. Como heróis! — corrigiu Tom.
Eles ficaram mais um dia na ilha,
preparando a “grande entrada”. Ensaiaram falas, combinaram quem entraria
primeiro e até decidiram a hora exata: bem no meio do sermão.
No domingo, a igreja estava lotada.
Todos estavam de preto. A tia Polly mal conseguia ficar em pé. O pastor falava
emocionado sobre “os três bons meninos que se foram cedo demais”.
Foi então que a porta da igreja se
abriu, devagar. Todos se viraram. E lá estavam eles: Tom, Huck e Joe, sujos,
bronzeados, mas sorrindo como se tivessem voltado de uma grande aventura. E era
isso mesmo.
As pessoas gritaram. Uns choraram.
Outros riram. A tia Polly correu para abraçar Tom, sem saber se brigava ou
beijava. Acabou fazendo os dois.
Na cidade, viraram lenda. Ninguém
falava de outra coisa. E Tom, pela primeira vez, sentiu-se como um verdadeiro
herói. Mas no fundo, sabia que ainda carregava um segredo mais sério do que
qualquer fuga: o que viu no cemitério.
E esse segredo ainda voltaria para
assombrá-lo… muito em breve.
Capítulo 8 – O
Julgamento
Mesmo depois da volta triunfal, Tom
não conseguia esquecer o que presenciou no cemitério. Injun Joe ainda estava
solto. E Muff Potter, o inocente, preso — acusado de um crime que não cometeu.
O julgamento se aproximava. A cidade
comentava sem parar. Todos achavam Muff culpado. Só Tom e Huck sabiam a verdade
— e isso pesava como uma pedra no coração.
— Se a gente contar, ele pode nos
matar — dizia Huck, assustado.
— Mas se a gente não contar, o Muff
vai ser condenado… — respondia Tom, dividido.
Na noite anterior ao julgamento, Tom
teve outro pesadelo com Injun Joe. Acordou decidido. Iria dizer a verdade,
mesmo com medo.
No tribunal, todos esperavam um
julgamento rápido. O advogado de Muff estava desanimado. Quando o juiz
perguntou se havia mais alguma testemunha, Tom levantou a mão.
— Eu vi quem matou o Dr. Robinson.
O silêncio tomou a sala. Tom contou
tudo: o cemitério, a briga, a faca, o rosto de Injun Joe.
A multidão ficou chocada. Muff
Potter chorou. Mas, antes que pudessem prender Injun Joe… ele fugiu pela janela
do tribunal como um raio.
Agora todos sabiam a verdade. Muff
foi libertado, e Tom virou ainda mais famoso. Mas uma coisa o deixava inquieto:
Injun Joe estava à solta — e sabia que Tom o tinha delatado.
Capítulo 9 – O Tesouro Perdido
Mesmo
com a liberdade de Muff Potter, Tom não conseguia relaxar. Injun Joe estava
desaparecido… mas Tom sabia que ele voltaria. E, no fundo, queria encontrá-lo —
não só por justiça, mas por algo mais: o tesouro.
Tom
e Huck lembraram que, na noite no cemitério, Injun Joe falou sobre esconder um
ouro em algum lugar secreto. Desde então, os dois sonhavam com esse tesouro
escondido.
—
Deve estar em algum lugar que ninguém ousaria procurar — disse Huck.
—
Uma caverna! — respondeu Tom, com os olhos brilhando.
Pegaram
lanternas, cordas, comida e foram explorar as cavernas fora da cidade. Por
horas andaram por túneis úmidos e estreitos, marcando as paredes com carvão
para não se perderem.
Até
que viram uma luz fraca ao longe. Era Injun Joe.
Os
meninos se esconderam atrás das pedras. Viam o homem escavando, abrindo um baú.
Lá dentro: moedas de ouro, jóias, prata. Era o tesouro!
Mas,
de repente, a lanterna de Huck escorregou e caiu. Injun Joe se virou.
—
Quem está aí?!
Os
garotos correram por túneis escuros, tropeçando, gritando. Por sorte,
encontraram a marca de carvão e seguiram de volta à entrada. Injun Joe não
conseguiu alcançá-los.
Dias
depois, a cidade achou o esconderijo. Injun Joe foi encontrado e levado pela
justiça. E o baú do tesouro… ficou nas mãos de Tom e Huck.
Eles
dividiram as moedas. Tornaram-se os garotos mais ricos da cidade. Mas, para
eles, o maior prêmio não foi o ouro — foi a coragem, a aventura, e a amizade
que nunca mais seria a mesma.
Na
beira do rio, olhando o pôr do sol, Huck perguntou:
—
E agora, Tom? O que vamos fazer?
Tom
sorriu:
—
Isso foi só o começo. O mundo está cheio de mistérios esperando por nós.
E
ali, entre risos e sonhos, os dois piratas selaram a promessa de continuar
desbravando a vida — do jeito que só garotos corajosos sabem fazer.